sábado, 12 de outubro de 2019

RELATÓRIO E CONTAS DOS 3 GRANDES

Já foram comunicadas à CMVM as contas anuais do último exercício económico dos 3 grandes clubes nacionais. Conferindo o RLE verificamos que a classificação final desportiva reflecte exactamente o que foi o desempenho financeiro dos 3 principais clubes portugueses, pois também no campeonato dos Relatórios e Contas, o campeão da temporada 2018/19 foi o Benfica, com um lucro de 29,4 M€, em segundo lugar encontramos, o F. C. Porto, com um lucro de 9,5 M€ e no último lugar do pódio, o Sporting que registou -7,9 M€ de prejuízo.

Economicamente, é muito importante analisar cuidadosamente os números apresentados em cada Relatório e Contas, estar atento a comparação do exercício com o anterior (já agora, fica aqui a informação que nessa época anterior (2017/18), o Benfica registou um lucro de 20,6 M€, o Sporting -19,9 M€ de prejuízo e o F. C. Porto -28,4 M€ de prejuízo) e é também importante observar a tendência dos últimos anos, que demonstram o rumo traçado pelos administradores dessas sociedades para as mesmas a curto/médio prazo. Sabe-se que os prejuízos acumulados vão limitar as perspectivas futuras do clube e em princípio os lucros obtidos nesta actividade só servem para que o clube possa ter maior capacidade de investimento nos anos seguintes, já que estas sociedades historicamente não distribuem dividendos aos accionistas. Este campeonato das contas, apesar de não despertarem muito interesse nos adeptos de futebol, são muito importantes para o futuro rendimento desportivo dos clubes.

Estes são Relatórios e Contas de 2018/19 comunicadas a CMVM, agregamos também os dados das últimas 4 épocas para melhor se perceber o rumo que cada uma das sociedades está a traçar para si.
                                                                                                                   Valores em milhares de Euros

No quadro acima, no acumulado das últimas 4 épocas vemos que:

  • O total de proveitos operacionais do Benfica (542 M€), foi bastante superior ao do F. C. Porto (457 M€) e ao Sporting (316 M€). Após esta temporada, o fosso ainda vai aumentar e muito, já que na actual temporada 2019/20, apenas o Benfica garantiu a presença na Champions (são mais de 50 M€ de diferença entre estar ou não na LC). 
  • Nestas últimas 4 épocas, o total dos custos operacionais do F. C. Porto (531 M€) e do Benfica (523 M€), são muito semelhantes e muito superiores aos do Sporting (406 M€). Talvez essa menor capacidade para suportar custos operacionais seja um grande "handicap" para que o Sporting possa conseguir repartir os troféus nacionais em disputa com os outros 2 grandes.
  • A direcção do Benfica é a única das 3, que tem tido a preocupação de adequar as suas despesas operacionais ao rendimentos operacionais gerados pelo clube. No acumulado das 4 épocas,o Benfica apresenta um Resultado Operacional S/Transações de jogadores positivo de 18 M€, enquanto o F. C. Porto apresenta aqui -74 M€ de prejuízos e o Sporting -89 M€ de prejuízos.
  • Estes enormes prejuízos na actividade operacional é que tem obrigado os clubes nacionais a serem essencialmente clubes vendedores, para que assim dessa forma, possam obter lucro com as transacções de passes de jogadores que possa cobrir os prejuízos operacionais crónicos. No acumulado das últimas 4 épocas, todos os 3 grandes portugueses, apresentam um resultado positivo no que toca a Rendimentos com transacções de passes de jogadores, o Benfica de 150 M€, o Sporting de 95 M€ e o F, C, Porto de 32 M€. Os 3 grandes são claramente clubes vendedores.
  • Assim, após incluirmos os resultados com transacções de passes de jogadores, vemos que chegados a esse ponto, já os Resultados operacionais do Sporting nas últimas 4 épocas passaram a ser positivas em 5 M€, tem existido de facto alguma preocupação do clube em ter números operacionais equilibrados (há quem diga que tal resulta mais das restrições a que está obrigado pelos bancos do que da excelência de capacidade de gestão). Nos últimos 4 anos, os Resultados Operacionais do F. C. Porto mesmo incluindo as transacções dos jogadores, ainda apresentam -41 M€ de prejuízos, o que é de uma grande irresponsabilidade, atendendo que os clubes nacionais já se encontram bastante endividados e por isso tem de contar que vão ter que suportar elevados custos financeiros anualmente. 
  • Em relação aos Resultados financeiros, aqui todos os 3 obtém resultados negativos, sendo que nas últimas 4 épocas, o F. C. Porto suportou 67 M€ de prejuízos financeiros, o Benfica 57 M€ e o Sporting 31 M€ de prejuízos financeiros. Nota para o facto de na época 2017/18 pela 1ª vez, o Benfica ter deixado para o F. C. Porto, o ónus de ser o clube com piores resultados financeiros e agora após serem conhecidos os números de 2018/19, constata-se até que dos 3 grandes em Portugal, o Benfica é aquele que já apresenta o melhor Resultado Financeiro (-10,2 M€), já que o Sporting incorreu em -10,4 M€ de prejuízos financeiros e o F. C. Porto em -20,9 M€ de prejuízos financeiros. 
  • Assim, chegamos a conclusão que no acumulado das últimas 4 épocas, o Benfica apresenta um lucro de 115 M€, enquanto os seus principais rivais portugueses acumularam -29 M€ de prejuízos (Sporting) e -113 M€ de prejuízos (F. C. Porto). Como é possível haver uma diferença tão expressiva entre o Benfica e o F. C. Porto (são 228 M€ entre o que tinham em 30/06/2015 e o que apresentam em 30/06/2019)? Estamos a falar das 2 únicas equipas que conseguiram se sagrar campeões numa das últimas 4 épocas (Benfica por 3 vezes e F. C. Porto por 1 vez).

Quando vemos o lucro acumulado de 115 M€ pelo Benfica nos últimos 4 exercícios económicos, facilmente se conclui que, é incomparavelmente melhor do que os seus adversários nacionais. Por outro lado, os últimos anos de fracassos nos jogos de elite na Europa, fez com que neste momento já a maioria dos Benfiquistas reconheça que, nas últimas épocas a capacidade desportiva da equipa tem sido claramente descurada pela administração, que está numa busca desenfriada pelos resultados financeiros. Gerar 115 M€ de lucros acumulados em 4 anos, não é algo muito comum para um clube de futebol, em Portugal nunca tinha acontecido e seguramente por esta Europa fora dificilmente encontraremos esta situação actual do Benfica replicada nalgum outro clube de topo, daqueles que tem a obrigação de lutar por títulos. Para a época 2019/20 já todos sabemos que no final da temporada, o Benfica atingirá o maior desempenho económico de sempre de uma SAD em Portugal, (consultando o transfermakt o Benfica já apresenta um saldo positivo de 146,5€ em transações de jogadores, vendeu 190 M€ e comprou 43,5 M€). É mais que evidente que não havia necessidade de vender o João Félix (e com a saída do Jonas ficar sem nenhum jogador capaz de envergar a mítica camisola nº10). O que justifica tamanho desinvestimento no plantel de futebol em nome de quê? O Bruno Lage não merecia o que a direcção lhe fez, os números demonstram que havendo vontade ele poderia ter o tal plantel competitivo que pediu. Uma vez que  eram apenas 3 posições, no plantel poderiam estar neste momento o Navas/Gulacsi, Djibril Sibidé, Dani Olmo/Luca Waldschmidt que pediu.

Pouca sorte do Bruno Lage, é que a actual direcção do Benfica acredita que é possível acumular sucessivamente RLE largamente positivos sem prejudicar a capacidade competitiva da equipa, continuando demagogicamente a dizer aos adeptos que esperam poder conquistar a Champions (como todos sabemos só as equipas do TOP 10 do Ranking UEFA, podem sonhar com essa conquista, historicamente só as equipas que investem aspiram a chegar aos 1/4 finais da Champions).

5 comentários:

Anónimo disse...

O que isso interessa??
O Sporting não paga a ninguém e as dividas são perdoadas, tá sempre bem.
Para quê relatório e contas??
Para quê ser sério??

Nhaga da Costa disse...

Continuo a não perceber como se confunde, ou não se percebe, o significado do termo desinvestimento porque há mais vendas do que compras em valores nominais, como se isso significasse algum desinvestimento.
Mas desde quando as vendas têm alguma coisa a ver com as compras? Desde quando a qualidade de um jogador, um activo intangível, tem a ver com o preço? Jonas, alguém?
Poderá haver alguma correção mas será residual. E os factos provam isso.
E os jogadores da formação não são investimento? Só conta o investimento vindo estrangeiro?

Por exemplo, o City e o RN investiram centenas, biliões de euros, e têm plantéis melhores, mais reforçados?? O resto, tudo o que rodeia uma equipa de futebol, não interessa?

Então se há um clube que oferece 500M por 1 (UM!) jogador, o Benfica para não dizerem que desinvestiu tem de ir investir os mesmos 500M em jogadores?
Coisa mais ridícula nunca ouvi em mais de 30 anos de experiência e de estudos em gestão de empresas.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Dos exemplos que deu, houve vários jogadores que simplesmente RECUSARAM vir para Portugal. Não teve nada a ver com dinheiro.
Da próxima vez seja mais rigoroso porque eu até gosto de ler muito do que escreve.
Mas por vezes escorrega, tropeça e cai.

Anónimo disse...

Nhaga a director financeiro.

Anónimo disse...

Até gosto de ler muito do que escreve.
Sobre árbitros e...coiso, digo eu!
Mas por vezes escorrega...ou tropeça?, pergunto eu!
E cai.
Nas más graças dos patrulheiros, digo eu!

Islander disse...

O tipo de jogadores que acrescenta qualidade imediata ao Benfica actual é limitado pela liga onde o Benfica joga. Ignorar isso é ser desonesto.
Não é uma questão de ter o dinheiro apenas, é poder pagar o patamar de salário que esse tipo de jogadores já exigem. E fazê-lo sem haver guerra civil no plantel... E ainda mais importante que isso tudo é mesmo conseguir convencer um jogador desse nível a vir para Portugal!!! Uma pequena percentagem de jogadores vai aceitar vir para Portugal, basta ver os exemplos recentes do cilesen, por exemplo.
Este é um problema de qualquer clube grande fora dos big 5, querer fazer disso um mau acto de gestão é desonestidade intelectual, sejam sérios.