sexta-feira, 20 de setembro de 2019

No futebol o investimento é o melhor caminho para o sucesso desportivo. A Estatística comprova-o.

S. L. RESULTADOS FINANCEIROS 1 - R. B. RESULTADOS DESPORTIVOS 2

Se duvidas existiam, ficou mais uma vez demonstrado que no futebol, o investimento é o melhor caminho para se atingir o sucesso desportivo. Depois do desaire desportivo de terça-feira, no dia seguinte o Benfica veio comunicar publicamente, mais um extraordinário resultado financeiro referente a época 2018/19 (Resultado Liquido Exercício positivo de 29,4 M€). O que em teoria seria o anúncio de uma boa noticia relativamente a saúde financeira do Benfica, torna-se simplesmente na prova incontestável de que os dirigentes não encetaram todos os esforços possíveis para disponibilizar ao treinador, o melhor plantel possível, em busca do sucesso desportivo. Sucesso desportivo é e sempre será, o principal objetivo do Benfica e de todos os seus adeptos, associados ou mesmo accionistas, pois nenhum associado ou accionista espera vir a receber dividendos. 

Nos últimos 4 exercícios económicos, o Benfica obteve os 4 melhores RLE da sua história, acumulando o Lucro total de 114,9 M€ (20,4 M€ em 2015/16, 44,5 M€ em 2016/17, 20,6 M€ em 2017/18 e 29,4 M€ em 2018/19).  Nas últimas 4 épocas, no mundo todo, não há nenhum outro clube que tenha um lucro acumulado superior a 114,9 M€. Se o objetivo/campeonato dos clubes fosse gerar lucro para distribuir dividendos, claramente se poderia afirmar que estávamos perante a melhor sociedade para se pertencer na atualidade, mas na realidade as SADs de Futebol não distribuem dividendos, apenas têm a obrigação de conquistar os melhores resultados desportivos possíveis com os recursos financeiros que têm a disposição. O RLE positivo que se obteve no ano, em princípio só serve para se ter maior capacidade de investimento no futebol nos anos seguintes. Assim sendo, não se percebe a aversão da direção do Benfica em reinvestir na sua equipa de futebol, o lucro que tem sido gerado pelo futebol do clube nos últimos anos. Só se explica este constante desinteresse em investir no reforço do plantel, pelo facto da UEFA não ter criado nenhum mecanismo para obrigar os clubes a aplicar o dinheiro gerado pelo futebol em beneficio da sua equipa de futebol. 

O Fair-play financeiro criou mecanismos para punir os clubes que no espaço de 3 anos apresentem um acumulado de mais de 30 M€ de prejuízos, mas será que a UEFA não deveria também obrigar os clubes que obtém por exemplo o triplo desse montante em lucro acumulado no mesmo período a ter que reinvestir  OBRIGATORIAMENTE esse dinheiro no seu plantel de futebol (90 M€ é o triplo de 30 M€ e é realmente muito dinheiro gerado no futebol para não esta a ser aplicado na melhoria do plantel de futebol). Da mesma forma que a UEFA pretende defender os direitos dos adeptos de futebol, para que não vejam os seus clubes muito rapidamente ultrapassados pelos clubes de novos donos endinheirados, que em curto espaço de tempo fazem investimentos megalómanos, ao ponto de a médio prazo os poder levar clubes a falência por elevados prejuízos acumulados, também deverá criar leis para proteger os clubes historicamente importantes que podem deixar de o ser, se tiverem dirigentes que decidam não reinvestir o lucro gerado no clube no reforço da sua equipa de futebol durante muitos anos seguidos. Tal como está a acontecer ao Mónaco, que de principal competidor do atualmente hegemónico PSG em Franca, depois de desatar desenfreadamente a vender jogadores em busca de grandes lucros financeiros, está neste momento arredado de sonhar sequer com a presença na Champions, correndo sérios riscos de cair na 2ª divisão ou mesmo acabar brevemente, se não tiver uma massa critica de adeptos que seja capaz de obrigar os dirigentes a alterar as prioridades em defesa dos interesses desportivos do clube. Não sei se o Mónaco terá massa adepta critica suficiente para garantir a sua salvação como clube, mas acredito que o Benfica que sempre foi um clube do povo e democrático, não chegará ao ponto de ser um clube irrelevante na Europa do Futebol. A massa adepta tem de exigir mais investimento na equipa dos seus dirigentes quando estes se revelam pouco comprometidos com o sucesso desportivo do clube. 

Pelos negócios já feitos até a data, o Benfica terminará a temporada 2019/20 com o maior lucro anual da sua história (a probabilidade de isso acontecer é muito grande, uma vez que Luis Filipe Vieira se recusou a reinvestir em reforços, mesmo depois dos 192 M€ em vendas de jogadores que já fez está época). É de todo inexplicável, os gestores de um clube com este histórico financeiro recente, conseguirem explicar aos adeptos/Treinador que no exercício de 2019/20, tiveram que aceitar transaccionar o seu melhor jogador por 126 M€ por motivos financeiros e que mesmo depois disso, não conseguiram contratar nenhum dos 3 reforços pedidos pelo treinador (nem o guarda-redes, nem o defesa direito, nem o avançado nº10, com as características próprias de um segundo avançado). Em 2019/20, o Transfermarkt informa que o Benfica, já fez 192 M€ em vendas de jogadores e reinvestiu 43,75 M€ em compras de novos jogadores, ou seja, na pratica desinvestiu 148,25 M€, o que quer dizer que mesmo que tivesse mantido o João Félix no plantel prescindindo de receber 126 M€, ainda teria folga de 22,25 M€ para investir atingindo saldo nulo neste mercado de transferência. Por 22,25 M€, havendo vontade de melhorar a equipa será que não se conseguiria contratar Gulácsi (com 37 jogos na UEFA e internacional Hungáro) e o Djibril Sidibé (18 jogos na UEFA e internacional Francês, o Everton contratou-o por empréstimo de 1 ano por 2,5 M€, com opção de compra definitiva por 14 M€). Agora imaginem o plantel final do Benfica 2019/20 com João Félix, Gulácsi e Djibril Sidibé, cenário só possível se LFV tivesse recusado novo desinvestimento na equipa de futebol neste defeso, unica forma de dar ao Bruno Lage o tal plantel competitivo que pediu e permitir que os jovens Jota, Tómas Tavares e Svilar crescem tranquilamente ganhando maturidade na equipa B sem a pressão de ter de assumir a titularidade tão precocemente numa equipa que luta pelos objetivos que o Benfica luta. Neste cenário, já o treinador não se veria obrigado a dar a titularidade num jogo de Champions a um jovem defesa direito em estreia absoluta como sénior e dar a titularidade como segundo avançado, outro jovem que ainda só tinha 140 minutos de utilização na equipa principal, primeira divisão (mas sendo o único avançado no plantel com características para desempenhar as funções de segundo avançado, não havia outra solução). A culpa da falta de soluções é de quem dirige, não é do treinador, ele só pode utilizar os jogadores que o clube tem sobre contrato. Se a direcção tem dinheiro disponível e não quer contratar reforços, a culpa não pode ser do treinador.


Quando em 31/08/2019 publicamos aqui o nosso ponto de vista sobre o grupo G (Zenit, Benfica, Lyon e RB Leipzig), já tínhamos alertado para o facto de apesar de o RB Leipzig ser o clube com menos histórico desportivo dos 4 do grupo, era destacadamente aquele que mais investiu nos últimos 6 anos para ter rendimento desportivo neste momento.
O Benfica é a equipa dos 4 do grupo G com o melhor histórico desportivo, no Pólo oposto encontramos o RB Leipzig, que por sua vez é das 4 equipas, aquela que mais investiu no seu plantel nas últimas 6 épocas a procura do sucesso desportivo. O histórico desportivo das equipas é importante, mas mais determinante é a capacidade financeira para se ter bons jogadores no plantel. Pelo histórico de investimentos em jogadores, nas últimas 6 épocas, a equipa mais forte financeiramente  do grupo neste momento é o RB Leipzig, conseguiu nesse período ter um investimento liquido de 192,12 M€ (comprou 306,41 M€ e vendeu 114,29 M€), por isso não é surpresa que tenha conseguindo vencer a equipa do grupo que mais desinvestiu, o Benfica, que na realidade nas últimas 6 épocas acabou desinvestindo 516,61 M€ (diferença entre os 769,43 M€ das vendas e os 252,48 M€ que reinvestiu em compras de novos jogadores). Com um saldo positivo de 516,61 M€, O Benfica é no mundo todo a equipa que mais se focou em obter resultados positivos com a transacções de jogadores nas últimas 6 épocas. Assim sendo desde 01/07/2013 até hoje, existe uma diferença de 708,73 M€ (192,12+516,61) entre o que estas 2 equipas investiram diretamente na sua equipa de futebol. Incompreensível existirem alguns iluminados na Gestão do Benfica que acreditam que, após estes últimos 6 anos, conseguiriam ter uma equipa de valia superior a do RB Leipzig atual, e ainda teriam a vantagem de estarem neste momento sentados em cima dos 708,73 M€ acumulados de diferença ou que foram aplicados fora da sua equipa de futebol. Fica claro que num clube se procura o resultado financeiro, enquanto no outro o foco é realmente no resultado desportivo. Para se ter um ideia, o investimento liquido de 192,12 M€ que o atual lider da Bundesliga (RB Leipzig) fez nas últimas 6 épocas, permiti-lhe estar neste momento em condições de disputar o título taco a taco com o Bayern Munique. Bayern Munique, que é também um dos crónicos candidatos a conquista da LC ano após ano e que neste mesmo período de 6 anos teve um investimento liquido de 199,85 M€ (compras de 544,40 M€ e 344,55 M€ em vendas de jogadores). Esclarecedor, RB Leipzig investe ao nível do Bayern Munique no seu plantel! E o Benfica é o que mais desinveste no mundo.

Com um investimento liquido próximo 200 M€ consegue-se ser um dos candidatos a conquista da Champions como o Bayern Munique, aliás o Liverpool, o atual detentor do título, no acumulado nas últimas 6 épocas teve um investimento liquido de 196,21 M€  (compras de 773,91 M€ e 577,70 M€ em vendas de jogadores) e o próprio Real Madrid, clube mais vezes vencedor da Champions neste período, teve um investimento liquido de 275,80 M€ (compras de 932,35 M€ e 656,95 M€ em vendas de jogadores).

Quem investe comprando reforços criteriosamente acaba tendo os melhores resultados desportivos, ninguém pode negar que se a SUPERLIGA Europeia fosse criada na década passada, mais facilmente poderíamos  encontrar lá os grandes clubes portugueses (Benfica e F. C. Porto) do que o RB Leipzig ou Manchester City, mas se a SUPERLIGA Europeia só for criada na próxima década, é mais provável lá encontrar o RB Leipzig/Manchester City do que os grandes clubes portugueses.
Este é o efeito do investimento sustentado no futebol, faz as equipas crescer e o inverso também se verifica, se o RB Leipzig, Manchester City ultrapassam os grandes portugueses na hierarquia, quer dizer que ao desinvestirmos estamos cada vez menos capazes de competir com os melhores.

2 comentários:

ChakraIndigo disse...

Grande post para reflexão.

Viva o Benfica.

Investments vs. Value disse...

Um texto que embora diga algumas verdades, confunde investimentos em jogadores feitos com investimentos em jogadores formados. Mas são tudo ACTIVOS!!!
O transfermarkt é uma falácia, porque confiamos em números que não refletem o valor actual dos jogadores. O Félix o ano passado tinha um valor de zero!!

Melhor é fazer o seguinte exercício, que é o que eu faço.
Adicionem todas as cláusulas de rescisão de todos os jogadores do plantel do Benfica. O valor irá estar muito acima do Bilião de euros.
Agora comparem esse valor com o valor que existia há um ano. A diferença será aquilo que o clube considera ser a VALORIZAÇÃO dos seus activos num ano, de acordo com aquilo que observa e as ofertas que recebe do mercado. Avaliamos apenas os NOSSOS activos que formámos, não os dos outros.

No fim de contas é disso que estamos a falar, investimentos em ACTIVOS, só que no nosso caso são activos que não foram comprados no mercado, que são sempre investimentos muito mais elevados e muito mais aleatórios e arriscados. Veja-se o que acontece com o Sporting. Nem o melhor scouting do mundo consegue evitar cometer erros. Os erros custam muitos milhões e levam os clubes à falência.

Por isso, quando alguém fala em desinvestimento do Benfica não sabe o que está a dizer, porque é um completo disparate e uma mentira, quando o Benfica, com o seu investimento no Seixal, um investimento que está alavancado para aí em 1/50 (investe 1M e ganha 50M), está a fazer investimentos que para além de serem muito mais rentáveis, estão muito mais alavancados, são investimentos muito menos arriscados já que conhecemos os activos que utilizamos na equipa principal.
O que não acontece quando se vai ao mercado comprar. São melões por abrir.

Quando vamos ao mercado, estamos sujeitos às regras de mercado, concorrência pelos mesmos activos com clubes mais ricos, da vontade desses activos quererem jogar em Portugal e da vontade dos donos desses activos permitiram que eles venham para Portugal. E do desconhecimento que temos desses activos.

Por isso, na minha opinião, este texto não faz qualquer sentido, porque não houve qualquer desinvestimento, pelo contrário. Houve investimento muitíssimo elevado, e não estou a falar nas compras do Raul, do Chiquinho, do Vinicius e do Caio.
Estou a falar no Florentino (120M), no Ferro (100M), no Taarabt (recuperado), no Nuno Tavares (60M), no Tomás Tavares (60M), no David Tavares (60M) e no Jota (30M).
São tão investimentos como os que custaram dinheiro no mercado. E valem muito mais.

Um carro de 50 mil euros que te seja oferecido, vale menos do que outro igual de 50 mil euros que compras num stand? O valor do investimento não é igual? Embora o que foi oferecido valha mais. Ou não será assim?