sábado, 25 de março de 2017

A Influência Arbitral no rendimento desportivo dos candidatos ao título

O futebol são 11 contra 11, durante 1 campeonato numa partida ou outra acontece uma expulsão ou grande penalidade, umas vezes a nosso favor outras contra.

No mesmo campeonato, ninguém espera encontrar 2 equipas com desempenhos médios muito semelhantes (pontuação muito equivalente), em que estatisticamente 1 dos clubes tenha usufruído de muitas mais oportunidades para desbloquear o marcador através de um penalti que o rival e ao mesmo tempo também usufruir de muitos mais minutos em superioridade numérica que o rival, pois tal é um forte indício de que existe influência arbitral nesse campeonato. Quando estatisticamente, detectamos esse tipo de situações o melhor a fazer, é denunciar essa anormalidade estatística detectada. Aos dirigentes do Conselho de Arbitragem cabe estar particularmente atento aos dados estatísticos, de modo a poderem tomar as medidas necessárias atempadamente, antes que o título de campeão seja falseado. Os responsáveis devem criar as condições necessárias para garantir que o campeonato não será disputado em condições arbitrais anormais. O campeão deve ser a melhor equipa, não aquela que mesmo não sendo a melhor usufruiu de condições arbitrais tão mais vantajosas que todos os rivais, condições que se fossem concedidas a qualquer um dos outros clubes candidatos ao títulos, estes teriam também aproveitado a situação para se sagrarem campeões. Os títulos não devem ser definidos pelos árbitros, pois a arbitragem deve ser sempre um elemento neutral no jogo e num campeonato, nunca o maior factor de desequilíbrio. Quando um clube sofre uma expulsão ou penalti na maioria dos jogos do campeonato, algo está mal nessa competição, pois a arbitragem está claramente a empurrar esse clube para o fundo da tabela ou quando reiteradamente, um clube beneficia de uma expulsão ou de um penalti favorável então, algo está mal nessa competição, pois as arbitragens estão a elevar esse clube para o topo da tabela.


Comparação entre 2015/16 e 2016/17 (Benfica, F. C. Porto, Sporting e Braga)

Consultando o site ZeroZero, podemos comparar o rendimento desportivo dos 4 primeiros classificados na actual época com o do ano anterior, que constam do quadro seguinte:

A 1ª curiosamente é que são exactamente os mesmos 4 clubes, que ocupavam as 4 primeiras posições em 2015/16, que agora também estão nas 4 primeiras posições à 26 jornada em 2016/17 e ainda:
  • O Benfica se mantem como a melhor equipa, conquistando exactamente os mesmos 64 pontos e o Braga também manteve-se como o 4º classificado (a diferença é somente de -1 ponto em relação a época anterior). 
  • O Benfica até a 26ª jornada na época 2015/16 não tinha usufruído de nenhum minuto em superioridade numérica e tinha usufruído de 6 penaltis assinalados a seu favor (sendo que apenas 2 delas foram assinaladas ainda com a igualdade no marcador, ou seja, usufruiu de 2 oportunidades para se adiantar no marcador através de uma grande penalidade). Na actual temporada 2016/17, o Benfica também não usufruiu de nenhum minuto em superioridade numérica e dos 4 penaltis assinaladas a seu favor que ja usufruiu, apenas 1 foi assinalado ainda com a igualdade no marcador, vemos que as condições arbitrais com que o Benfica competiu nos seus jogos nas 2 últimas épocas não se alteraram significativamente, apenas usufruiu de menos 2 penaltis assinalados a seu favor, mas daqueles que realmente interessam para desbloquear os jogos, apenas usufruiu de menos uma oportunidade para se adiantar no marcador através de uma grande penalidade que em 2015/16 por esta altura (condições ligeiramente piores na actual época). Por isso, mantendo a equipa similares competências não é de estranhar que tenha conquistado exactamente os mesmos 64 pontos da época passada.
  • Apenas houve uma troca na classificação, entre o Sporting e o F. C. Porto (o que era 2º passou para 3º classificado e vice-versa). Na actual temporada 2016/17 comparativamente a época 2015/16, o rendimento do Sporting diminuiu em 8 pontos e o do F. C. Porto aumentou em 5 pontos. Agora temos que encontrar as razões para essa variação.
Esta alteração terá alguma coisa a ver com a alteração das condições arbitrais com que os clubes jogaram nas 2 épocas? Vamos apresentar os dados estatísticos referentes aos penaltis e as expulsões nas duas épocas e ai estarás em condições de responder a essa pergunta por ti mesmo.

A comparação do rendimento desportivo dos grandes entre a época 2015/16 e a época 2016/17, já foi feita na imprensa desportiva sobre diversos prismas, mas até hoje em nenhuma comunicação social, houve uma análise que tenha também em conta as condições arbitrais em que a competição decorreu nas 2 últimas épocas.

Vamos então publicar os dados seguindo o critério que ao longo destes anos temos utilizado aqui no blog de considerar "pontos sem influência arbitral directa", apenas os pontos conquistados antes de uma expulsão e sem o efeito do último golo de penalti. Todos os pontos acrescentados/perdidos após uma expulsão ou através de um último golo de penalti são considerados "pontos acrescentados com influência arbitral directa". Estes são os critérios objectivos aqui utilizados para detectarmos a "sorte" que cada clube teve efectivamente com as decisões arbitrais.

Referente as 2 ultimas épocas comparamos os seguintes gráficos, discriminando os "pontos conquistados sem influência arbitral" dos "pontos conquistados com influência arbitral":

Aqui no blog, os pontos acrescentados ou perdidos após uma expulsão ou através de um último golo de penalti são definidos como sendo "pontos acrescentados com influência arbitral directa". É esta a forma objectiva que utilizamos para quantificamos a "sorte arbitral" de cada um dos clubes. Só usamos dados objectivos, aqui no blog não se está a fazer uma avaliação subjectiva, opinando se a decisão arbitral foi bem ou mal ajuizada, simplesmente se regista as alterações directamente resultantes de decisões arbitrais. Ora bem, quanto as decisões arbitrais relevantes em 2016/17 comparativamente à 2015/16 temos que:
  • O Sporting até à 26 jornada de 2015/16 tinha usufruído de 10 penaltis assinalados a seu favor e 4 expulsões favoráveis (jogando 129 minutos em superioridade numérica, marcando 6 golos nesse período). Atenção, que 4 desses 10 penaltis favoráveis que usufruiu foram assinaladas ainda com o jogo empatado! Especial importância no rendimento desportivo, acabaram por ter o penalti assinalado aos 95 minutos por Carlos Xistra que permitiu a vitória por o 3-2 na 1ª jornada contra o Tondela (+2 pontos acrescentados com influência arbitral directa), o penalti assinalado aos 54 minutos por Jorge Ferreira que permitiu o 1-0 final contra o Estoril na 9ª jornada (+2 pontos acrescentados com influência arbitral directa), o penalti assinalado aos 93 minutos por Artur Soares Dias, que permitiu o 1-0 final contra o Belenenses na 11ª jornada (+2 pontos acrescentados com influência arbitral directa). Também teve influência o facto de o Fábio Veríssimo ter expulsado indevidamente o Sequeira ao 32 minutos, com 0-0 no marcador, o que permitiu ao Sporting jogar em superioridade numérica durante 58 minutos nessa partida, tendo conseguido finalmente marcar o golo da vitória aos 86 minutos, no Sporting 1 - Nacional 0 da 5ª jornada (+2 pontos acrescentados com influência arbitral directa). Tal como teve importância o facto de, com 2-2 no marcador, o Cosme Machado ter expulsado aos 79 minutos, um jogador da Académica, tendo o Sporting aproveitado para em superioridade numérica fazer o golo da vitória por 3-2 no marcador final (+2 pontos acrescentados com influência arbitral directa). Como se vê ao todo, foram 10 pontos acrescentados directamente com uma decisão arbitral em 2015/16, foi realmente uma temporada de muita "sorte arbitral" para o Sporting. Ou seja, apesar dos 62 pontos oficiais foram apenas conquistados 52 pontos sem influência arbitral directa em 2015/16. Estes 52 pontos não estão muito longe dos pontos oficiais que o Sporting tem actualmente em 2016/17, que são 54 pontos. Assim sendo, o Sporting conquistou mesmo mais pontos "sem influência arbitral directa" na actual época do que na anterior, pois seguindo o mesmo critério, facilmente se verifica que nesta temporada 2016/17, o Sporting ainda não acrescentou "nenhum ponto com influência arbitral directa". Em 2016/17, o Sporting usufruiu até agora de 7 penaltis (apenas 2 assinalados com o jogo empatado) e 2 expulsões mas essas superioridades numéricas ocorreram num momento que já estava a vencer.
  • Em 2015/16, o F. C. Porto até à 26ª jornada, não tinha usufruído de nenhuma expulsão favorável e tinha usufruído de apenas 2 penaltis assinalados a seu favor (apenas 1 assinalado ainda com o jogo empatado, que foi o penalti marcado aos 64 minutos pelo Carlos Xistra, através da sua conversão em golo, acabou por fixar o 2-1 final no jogo contra o P. Ferreira na 12ª jornada). Logo na época anterior, o F. C. Porto não jogou nenhum minuto em superioridade numérica, o que contrasta com a actual época 2016/17, em que já usufruiu de 9 expulsões favoráveis (no total foram 298 minutos que os adversários jogaram com 10 jogadores, período no qual o F. C. Porto marcou 14 golos e sofreu 1, ou seja 13 dos 46 golos positivos que o F. C. Porto tem no goal-average, foi obtido em superioridade numérica, enquanto no período em que jogaram 11 jogadores contra 11 jogadores regista um goal-average de +33, quase igual ao da época anterior que era de +29). Assim 298 minutos em 9 jogos em que usufruiu de expulsões, representam em média, 33 minutos em superioridade em cada um dos 9 jogos, o que é reconhecidamente uma grande vantagem competitiva. Acresce que em 2016/17, o F. C. Porto já usufruiu de 6 penaltis favoráveis, sendo que 5 desses penaltis foram assinalados a seu favor ainda com o jogo empatado, ou seja teve oportunidade de desbloquear o jogo através de uma penalti favorável em 5 jogos. Durante a época acabaram tendo especial relevância as expulsões e penaltis assinalados, ambos a favor do F. C. Porto nos jogos contra o Braga, Feirense e Tondela, uma vez que nesses 3 jogos que acabou por vencer, o F. C. Porto não conseguiu marcar nenhum golo que não seja de penalti enquanto competiu 11 contra 11. Assim, em superioridade numérica ou através de penalti conseguiu acrescentar 6 "pontos com influência arbitral directa" aos 57 pontos que conquistou sem influência arbitral directa. Enquanto na época 2015/16 por altura da 26ª jornada, o F. C. Porto tinha conquistado 56 pontos sem influência arbitral directa, ao que acrescentando +2 pontos com influência arbitral directa, totalizou os 58 pontos oficiais que tinha à 26ª jornada. 

Depois de conhecer os dados estatisticos arbitrais ainda há quem pergunte se as condições arbitrais podem ter influenciado esta troca de posição entre o Sporting e o F. C. Porto de 2015/16 para 2016/17? Ainda haverá quem duvide que as decisões arbitrais têm influência o rendimento desportivo! Infelizmente, ainda há muita gente que nunca teve acesso a dados objectivos que refletem o efeito das decisões arbitrais no rendimento desportivo. 

Quem pergunta, qual é a correlação entre decisões arbitrais e o rendimento desportivo, seguramente nunca viu estatísticas das decisões arbitrais relevantes e o seu efeito no rendimento das equipas.

Como vemos, o Sporting 2016/17 se tem usufruído da sorte arbitral que teve em 2015/16, ou seja se usufruísse mais 4 penaltis favoráveis assinalados, (2 deles assinalados ainda com o jogo empatado) além de usufruir de mais 85 minutos em superioridade em jogos que estavam empatados nesse momento. Nessas condições a equipa teria seguramente conseguido acrescentar pontos com influência arbitral directa e se fossem os mesmo 10 pontos que conseguiu em 2015/16, então neste momento teria 64 pontos (54+10), ou seja seria o melhor colocada para conquistar se sagrar campeão.

Como vemos, o F. C. Porto 2016/17 se tem jogado nas condições que jogou o ano passado em que à 26 jornada só tinha conseguido acrescentar 2 "pontos com influência arbitral directa", então nessas condições arbitrais, ou seja acrescentado apenas 2 "pontos com influência arbitral directa" nesta temporada 2016/17, aos 57 "pontos sem  influência arbitral directa" que conseguiu conquistar até ao momento, teria neste momento apenas 59 pontos. Daqui se conclui que se o o F. C. Porto tivesse jogado em 2016/17 com as condições arbitrais que usufruiu em 2015/16 os pontos, teria sensivelmente os mesmos pontos (58 em 2015/16 e 59 em 2016/17).

Como vemos, o Benfica em 2016/17, se tem jogado nas condições que o F. C. Porto jogou nesta temporada (+298 minutos em superioridade numérica que o rival e usufruindo de mais 4 penaltis assinalados com o jogo ainda empatado que o rival, ou seja mais 4 oportunidades de desbloquear o jogo que o rival) teria neste momento uma diferença maior para o 2º classificado, como se provou aqui. Ninguém duvida que o campeão 2016/17 estaria encontrado se o Benfica terminasse o campeonato usufruindo de mais 298 minutos em superioridade numérica que o rival usufruiu, ou seja, que o Benfica usufruísse de 74 minutos em superioridade numérica em cada um dos 8 jogos que faltam disputar e o F. C. Porto nenhum minuto, além de terminar a temporada com uma vantagem de 4 penaltis sobre o rival (no que toca de grandes penalidades assinaladas ainda com o jogo empatado), para tal teria de usufruir de mais 8 penaltis assinalados a seu favor com o jogo empatado nos 8 jogos que faltam disputar e o F. C. Porto de nenhum.

Espero que tenha ficado evidente para si, o efeito dos penaltis e expulsões no rendimento das equipas, pois ninguém no seu juízo normal acredita que, o Benfica usufruindo de 74 minutos em superioridade numérica em cada um dos 8 jogos que faltam e também de mais 8 penaltis assinalados com o jogo empatado, o Benfica não aproveitasse tal facto para se sagrar campeão está temporada. Isso sim seria um Benfica a jogar com condições à Porto em 2016/17.

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