terça-feira, 13 de julho de 2021

Maiores devedores ou maiores lesados do BES

Se a Promovalor, verdadeiramente a empresa de Luis Filipe Vieira, desde quando foi constituída em 2007 até 2017 quando passou para o fundo para liquidar o valor total dos empréstimos ainda em divida (227 M€, pelos quais entregou os activos que possuía nessa data), pagou 161 M€ de juros nesse período de 10 anos ao BES, quer dizer que contribuiu nesse período para 161 M€ de lucros do BES. Terá a Promovalor contribuído na verdade para lucros ou perdas no BES, nestes 10 anos de atividade?

O saldo entre as perdas e os ganhos registados pelo Novo Banco relativamente aos créditos da Imosteps ascendeu a uma enorme perda global. Segundo o MP, este valor foi coberto pelo Fundo de Resolução, que se viu obrigado a compensar o Novo Banco de grande parte da dívida que herdou da Imosteps. 

  • Cronologia da Imosteps, empresa do grupo BES, cujo o activo principal é um terreno no Rio de Janeiro, numa zona onde ainda se tinha de convencer a Prefeitura de modo permitir a construção de imoveis, trabalho incumbido aos donos da Imosteps desde 2002. 
  • Uma década depois ao aproximar a data estabelecida para pagamento do empréstimo original de 59 M€,  ainda não tinham conseguido sequer a autorização de construção, logo não havia como pagar este empréstimo, para o BES não ser obrigado a registar a imparidade (perda de valor desse montante investido na Imosteps) era necessário encontrar outros empresários de construção mais competentes para conseguir a licença de construção, de modo a poder recuperar o investimento de 59 M€ ai empatados. 
  • Em 2012, Ricardo Salgado pediu o favor ao Vieira, para que este lhe compre a Imosteps por 59 M€, financiado integralmente pelo BES (assinando LFV o aval desse empréstimo como é usual) e trabalhar no sentido de conseguir as autorizações necessárias para poder construir. Como todos compreendem, só sendo possível a construção é que esse terreno seria interessante para um empresário no ramo de construções, como é o caso do Luís Filipe Vieira. Estava previsto 10 anos para o reembolso dos 59 M€ investidos nesse ativo (Imosteps), permitindo usufruir desse espaço de tempo para licenciar, construir, vender os imóveis construídos e assim devolver o valor correspondente ao empréstimo, mas se não conseguisse a autorização de construção, esse ativo (Imosteps) voltaria pelo mesmo montante a posse do BES, que sempre foi e continua sendo o dono do dinheiro ai empatado (59 M€). 
  • Posteriormente, apesar de todos os esforços de Luis Filipe Viera (diz a acusação do MP que o Prefeito do Rio de Janeiro e família, foram alguns dos convidados que viajaram no jato particular fretado pelo seu amigo José António dos Santos, para assistir a final da Champions de 2013 em Londres), a zona desse terreno continuou estando interdito a construção, manteve-se coma reserva natural, o Prefeito do Rio de Janeiro aceitou trocar somente uma pequena parcela desses terrenos da Imosteps por outro de 102 mil m2 autorizados a construção noutra zona da cidade. A Imosteps ficou com terrenos com algum valor comercial, nos quais é compreensível que o José António dos Santos queira investir para contruir imoveis para posterior venda, retirando rendimento do investimento. 
  • Entretanto em 2015, o BES foi a falência e a Imosteps estava ainda oficialmente na posse do Luis Filipe Vieira, que nem tinha iniciado a construção na parte já urbanizada, nem tem como contruir no terreno da reserva natural, obviamente o BES sabe que não tem como pagar os 59 M€, só lhe restava devolver o ativo desse empréstimo (Imosteps) novamente ao BES. 
  • O BES falido, ao receber de volta a Imosteps com os mesmos terrenos, faz a sua avaliação desse ativo em plena crise e o vende para um fundo de venda rápida de ativos por apenas 5 M€ e comunica ao Fundo de Resolução que perdeu 54 M€ com o empréstimo a Imosteps. Os contribuintes ao ter de pagar 54 M€ ao Novo Banco, foram indiscutivelmente lesados, mas só por má fé se pode afirmar, que foi o Luis Filipe Vieira e não o Novo Banco que ficou na sua posse com os 54 M€ indevidamente roubado a todos os portugueses. 
  • O Fundo que comprou ao Banco a divida da Imosteps por 5 M€ colocou a venda esse Activo que acabou sendo vendido por 8 M€, dando 3 M€ de lucro ao Fundo do Banco BES. Quem comprou essa divida da Imosteps ao Fundo Bancário do BES foi o José António dos Santos, conhecedor de que o fundo de venda rápida de ativos estava a vender essa divida da Imosteps, comprou esse ativo com 102 mil m2 para construção por 8 M€ resgatando o aval pessoal do seu amigo Luis Filipe Vieira. Se este Activo valia mesmo só 5 M€ então, o José António dos Santos não terá sido lesado em 3 M€ pelo Fundo do Banco. Será que os tribunais vão obrigar o fundo a devolver esses 3 M€. Se esse Activo (divida a Imosteps) valia mesmo 8 M€, então cai por terra a teoria que o Vieira estaria em conluio com o seu amigo a usar as ações do Benfica para o ressarcir de 3 M€. 
  • Não se percebe a teoria do Ministério Publico que aceita como valida a avaliação de 5 M€ do Novo Banco, considerando que é o José António dos Santos quem gastou 3 M€ a mais para fazer um favor ao Vieira (ou seja, deu 3 M€ lucro ao Fundo do Banco). E que agora o Luis Filipe Vieira se sente obrigado a lhe retribuir esses 3 M€, dai ter feito a OPA em que a Benfica SAD estava na disposição de comprar as ações do SAD a 5€ cada (preço que salvaguardava que nenhum sócio fundador da SAD perderia dinheiro ao vender por 5€ o que havia adquirido por 5 €.  
  • Quem recebeu os 59 M€ pela Imosteps? Foi o BES ninguém tem dúvidas disso. Quem ficou com todo o ativo da Imosteps? Foi o BES, que depois o vendeu a um Fundo Bancário. Se todo o dinheiro emprestado entrou no BES para comprar o mesmo ativo, que voltou a receber de volta, uma vez que é impossível contruir nesse terreno até ao momento, como é que as pessoas não percebem que é o BES que tem na sua posse os 59 M€ investidos para ter o terreno (ativo da Imosteps).

Também a alegada acusação do Ministério Publico de associação ao seu amigo José António dos Santos, para lesar os interesses do Benfica, quando em virtude da não aprovação da OPA, o clube não pode adquirir até 25% de ações por 5€ cada e revender em conjunto esses 25% por 8,7€ cada, ou seja, fazer entrar uma mais-valia de 21,25 M€ nos cofres do Benfica. Com o chumbo da OPA, o Benfica ficou impossibilitado de fazer essa mais-valia para a Benfica SAD. O Capital Social de 115 M€ é composto por 23.000.000 ações a 5 € cada e quando alegadamente apareceram investidores, como o Jonh Textor que acreditando na teoria do Ministério Publico está disposto a investir 50 M€ em 25% das ações do Benfica (em 5.750.000 ações), ou seja, pagaria 8,7€ por cada ação. Ter 5.750.000 ações a 5€ cada representa 28,75 M€ e conseguir vender-lhes por 50 M€ faria entrar uma grande mais-valia no Benfica. Se a OPA tivesse avançado, então teria sido o Benfica a arrecadar esses 21,25 M€ de diferença entre o preço de compra de 5€ e de venda 8,7€, uma vez que, não foi possível a SAD avançar com a OPA, então serão os acionistas individualmente a ficar com esta mais-valia caso aceitem vender as suas ações ao Jonh Textor. 

Quem pode dizer a um investidor da SAD do Benfica que não deve aceitar vender as suas ações quando lhe oferecem 8,7€ por cada ação? Porque um atual acionista da SAD não pode comprar mais ações de modo a poder acumular os 25% que o Jonh Textor quer comprar por 8,7€ cada?


5 comentários:

  1. Ahahahah! Coitadinho do Vieira! Ele é que é lesado!

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  2. Fo__-__, vocês acham mesmo que se tivesse havido a tal OPA para dar 15M ao gajo dos pintos, que o Benfica ía a seguir vender as mesmas ações ao americano?
    Ou será que o americano foi um estratagema para contornar o chumbo da OPA, por uns milhões ao bolso e livrar-se de uma dívida de 50 M?

    E tudo isto foi feito com uma transparência à prova de bala, não foi?
    Os tipos da justiça é que embirram com o bigodes...

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  3. Há muita interpretação incrivelmente optimista na acusação como é habitual. Depois de ver buscas na sad e no gabinete do ministro das Finanças depois de uma descabida denúncia anónima de trocas de favores municipais em troca de convites para a tribuna pensei que já tinha visto tudo mas afinal não....
    Isto é apenas parte de uma grande campanha de desvio de atenções do roubo que foi a nacionalização do BES pelo passos Coelho. Os bodes expiatórios que compraram um activo dando esse activo como garantia(Berardo com ações do BCP) é que são os bodes expiatórios.
    O verdadeiro crime foram as reavaliações feitas pelos peões que foram postos no novo banco pós nacionalização: reavaliaram tudo muito abaixo da realidade gerando perdas contabilísticas com o objetivo de vender esses activos para gerar um lucro rápido a quem comprasse, que por acaso até era uma empresa do grupo que comprou o novo banco. Se querem encontrar os ladrões de quem roubou os portugueses em muitos milhões é seguir o dinheiro e os amigos do passos, mas isso ninguém parece querer investigar como já vimos no arquivamento do caso dos submarinos.

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  4. Se um investidor instituição quer comprar 25% das ações do Benfica, o normal seria os dirigentes do Benfica afirmarem que a 5€ por ação preferem que as ações estejam dispersas pelos sócios do Benfica, alguns deles parceiros desde a constituição da SAD (nessa altura investiram 5€ por ação), em vez de, ter um investidor institucional, com 25% da SAD e consequentemente ceder-lhe a nomeação de 1 elemento para a Administração também.

    Se este investidor está disposto a pagar mais de 5€ por ação, uma vez que, a Benfica SAD não quer vender as ações que tem, porque quer manter o mesmo nível de controlo de voto que tem atualmente, a SAD só teria interesse em aceitar esse investidor institucional, se conseguisse a autorização da OPA para recomprar na bolsa as ações que estão na posse dos Benfiquistas. Fez bem a direção em oferecer por essas ações os mesmos 5€ que os Benfiquistas que investiram no clube desde a 1ª hora de modo a garantir que nenhum Benfiquista perderia dinheiro com ao vender as suas ações, só porque apareceu alguém que pretende ser um investidor institucional do Benfica comprando 25% das ações. Conhecendo o sabemos hoje, já se compreende que a OPA era para garantir que nenhum Benfiquista que tinha investido na SAD perdesse dinheiro, sendo que a SAD tinha intenções de futuramente vir a acrescentar mais-valia com a venda dessas ações. O chumbo da OPA impossibilitou a Benfica SAD de poder gerar mais-valias para o Benfica, assim, só os investidores individuais que tem na sua posse as ações podem ganhar mais-valias, isto se estiverem disposta a vender por 8,7€ ações que comprara no máximo por 5€. Obviamente, que entre os diversos investidores nas ações da SAD, existem muitos que estão dispostos em vender as suas ações a 8,7€, o que não quer dizer que são mais ou menos Benfiquistas do que os tendo comprado por 5€ afirmam que não venderiam por 8,7€. Uma pergunta que faço, é dos candidatos a presidência do Benfica, quem ofereceria aos atuais acionistas do Benfica 8,7€ por ação, de modo a comprar 25% do capital social por 50 M€ e assim passar a estar representado na administração da Benfica SAD. Será que o amor deles pelo Benfica, não é assim tanto ao ponto de investirem 50 M€ seus no Capital do clube?

    Se houve Benfiquistas que ofereceram 5€ por ação e a Benfica SAD aceitou e lhes ficou agradecido, porque razão a Benfica SAD não havia de aceitar também com agrado, que haja novos Benfiquistas, que reconhecendo a boa gestão financeira, neste momento estão dispostos a pagar 8,7€ por ação, que haviam sido colocados no mercado originalmente por 5€ cada?

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  5. Parabéns pela reflexão e trabalho.
    Com a balcanização do Benfica, a sua analise ajuda a pensar quem não desistiu de o fazer, passando por cima de juizos odiosos,veiculados pelos tablóides que dominam e espalham a espuma dos dias.

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