segunda-feira, 25 de setembro de 2017

REALIDADE VS ILUSÃO: Os números oficiais e a crise que se fala na imprensa

Nesta semana foram conhecidas as Contas finais da época 2016/17, o Benfica acaba de apresentar um resultado liquido do exercício positivo no valor de 44,5 milhões €! Valor esse que foi o seu melhor desempenho anual de sempre, mas por incrível que pareça na mesma semana, o que é notícia na imprensa portuguesa, é que o Benfica está em crise! Crise! E estamos a falar de uma época em que o Benfica pode conquistar o 1º Penta na sua história no campeonato português. 

Ter o privilégio de apoiar um grupo de campeões que durante 5 épocas consecutivas consiga conquistar o trofeu da melhor equipa nacional é algo que ainda nunca foi saboreado pelos benfiquistas até a data, nem pelos crónicos pessimistas que só sabem assobiar por menor que seja o percalço nem pelos crónicos optimistas que apoiam incansávelmente o clube, independentemente do atleta que esteja a representar o Benfica dentro do campo ou da classificação do clube. Por isso não se percebe, as razões que possam impedir um benfiquista de apoiar este plantel 2017/18, que é constituído por 19 campeões 2016/17, incluindo os já históricos 6 portadores da mística do clube, Luisão, Jardel, André Almeida, Fejsa, Salvio e Paulo Lopes, que fizeram parte dos plantéis que com o seu esforço conquistou os últimos 4 campeonatos disputados. Apesar dos diversos elementos com experiência bem-sucedida no clube que constituem o plantel do Benfica 2017/18, houve adeptos de futebol, até mesmo daqueles que se dizem benfiquistas, que embarcaram na tão propalada crise no Benfica, de que está tudo perdido, chegando ao ponto de já terem desistido mesmo de lutar pelas provas em que o Benfica está envolvido nesta época. Só não sabemos é se esses adeptos que neste momento desistiram de apoiar, em caso do sucesso benfiquista em Maio do próximo ano, se marcarão presença na festa no Marquês ou não? Uma vez que no atual momento em que é necessário trabalhar, cerrar fileiras, dar o seu contributo para defender o emblema do clube no máximo das suas forças, o melhor que esses adeptos pessimistas conseguem fazer é demonstrar publicamente que desistiram de incentivar os atletas do plantel a melhorar o seu desempenho, que desistiram de lutar por este titulo!

Benfica não venceu 3 jogos consecutivos, logo está em crise! Essa foi conclusão da Comunicação Social. 3 jogos seguidos sem vencer, é motivo bastante para entrar em crise, para fazer a caça às bruxas, para eleger os patinhos feios da equipa em quem descarregar as frustrações dos maus resultados e assobiae incessantemente a cada vez que toca na bola. A campanha na imprensa, como era expectável conseguiu convencer os adeptos mais fracos de espirito a desistir de apoiar os seus, a desistir de ajudar os seus próprios jogadores a lutar com todas as forças por este campeonato. 

A imprensa tem o poder de fazer a cabeça as massas. É sabido que nem todos conseguem pensar pela sua cabeça. Essa tentativa de movimentar as massas nem sempre acontece com todos os clubes, obviamente que todos os clubes já tiveram 3 jogos consecutivos sem vencer no seu histórico.

Então, alguém acredita que por toda essa imprensa, uma grande maioria dos comentadores desportivos a partir da próxima 5ª feira, vão passar a falar incessantemente em crise no Sporting, no caso do Sporting não conseguir vencer o Barcelona nesta 4ª feira em Alvalade, depois de não ter conseguido vencer também os últimos 2 jogos que disputou? Quer-me parecer que nem em caso de derrota contra o Barcelona se pode afirmar que o Sporting irá receber o F. C. Porto em crise no dia 01/10/2017.  3 maus resultados consecutivos não podem ser sinónimo de crise, até porque não estamos a falar de 3 maus resultados para o campeonato, mas sim para 3 competições diferentes.

Afirmar que o Benfica está em crise é mesmo não fazer a mínima ideia do efeito que a saúde financeira tem no desempenho futuro das equipas. Em 2011/12 quando o campeão F. C. Porto teve um enorme prejuízo de -35,8 milhões €, a esmagadora maioria dos adeptos desvalorizou a situação, o que consideravam relevante é facto do clube manter um plantel competitivo, independentemente de ter gastos com pessoal muito acima das suas reais capacidades, no ano seguinte ainda deu para ser campeão muito graças a aquilo que o F. C. Porto quis imortalizar como o momento K, como o responsável pelo último titulo de campeão do F. C. Porto. Hoje, já todos percebemos que incorrer em custos incomportáveis para o nível de proveitos operacionais do clube, pode até permitir maiores probabilidades de obter alegrias instantâneas, mas seguramente condiciona e muito as possibilidades de sucesso desportivo no futuro próximo.


O melhor resultado económico de sempre da Benfica SAD devia ser algo mais que suficiente para ocupar a esmagadora maioria do tempo de antena de tudo o que é órgão de informação desportiva em Portugal nesta semana, sabendo nós as dificuldades que os clubes nacionais enfrentam para poder ter meios financeiros para manterem alguma competitividade com os endinheirados clubes internacionalmente. Este resultado positivo é mais relevante ainda por ter sido conseguido numa temporada que desportivamente também se revelou histórica para o clube, ao obter o seu primeiro tetra-campeonato na sua história e resulta de uma evolução económica sustentada que esta a ser trilhado por quem comanda a SAD do Benfica, pois no acumulado das últimas 4 épocas, o clube gerou um lucro acumulado de 86,2 Milhões €! A direção tem conseguido bons resultados desportivos sem hipotecar economicamente completamente os recursos que o clube consegue gerar. É injusto para a atual direção do Benfica falar-se em crise no clube, cada vez que há uma sequência de 3 jogos que o clube não consegue vencer, mesmo sendo para 3 competições distintas, maus resultados que por si só claramente não comprometem nenhuma das competições em disputam. O Benfica, a suposta equipa em crise aos olhos dos especialistas da nossa comunicação social já disputou 10 jogos oficiais esta temporada, vencendo 6 deles, empatando 2 e perdendo 2 jogos (já conquistou um troféu esta temporada – A Supertaça).

Quem conhece a importância dos números no que é a probabilidade de sucesso desportivo das equipas, não pode ficar indeferente as contas dos clubes nas últimas épocas, é que existe mesmo uma grande diferença entre os Resultados liquidos do exercício das 3 equipas nas últimas 4 épocas:
  • Benfica, obteve consecutivamente resultados positivos na últimas 4 temporadas que agregando esses resultados teremos um lucro de 86,2 M€, pois obteve um lucro de 14,1 M€ em 2013/14, obteve um lucro de 7,1 M€ em 2014/15, obteve um lucro de 20,4 M€ em 2015/16 e obteve um lucro de 44,5 M€ em 2016/17.
  • Sporting, obteve entrecaladamente resultados positivos com negativos na últimas 4 temporadas, agregando esses últimos resultados obtemos um lucro de 18,3 M€, pois obteve um lucro de 0,4 M€ em 2013/14, obteve um lucro de 19,3 M€ em 2014/15, obteve um prejuízo de -31,9 M€ em 2015/16 e obteve um lucro de 30,5 M€ em 2016/17.
  • F. C. Porto, em princípio em 3 dos 4 últimos exercícios económicos obteve resultados negativos, dado que as contas do exercício de 2016/17 ainda não foram publicadas as contas do F. C. Porto e que no final do 1º semestre o clube estava com um prejuízo de -29,6 M€ e que agregando os resultados dos 3 anos e meio já conhecidos, obtemos um prejuízo acumulado de -109,2 M€, pois obteve um prejuízo de -40,7 M€ em 2013/14, obteve um lucro de 19,4 M€ em 2014/15, obteve um prejuízo de -58,3 M€ em 2015/16 e obteve um prejuízo de -29,6 M€ no 1º semestre de 2016/17.

Os números demonstram que seguramente não é o Benfica que está em crise neste preciso momento, que estes 3 clubes candidatos ao titulo dispõem de condições económicas que não são equiparáveis para atacarem a competição em Portugal e o futuro. Seguramente será muito mais fácil para qualquer gestor, obter sucesso gerindo os recursos que o Benfica libertou nas últimas épocas, nem que seja pelo capacidade/folga orçamental que o clube terá para melhorar o plantel em Janeiro, se este se revelar necessário, no caso do Varela, Mile Svilar, Rúben Dias, Diogo Gonçalves, Douglas e Krovinovic se revelarem impreparados para aproveitar as oportunidades que lhes forem dadas até Dezembro, coisa que não será muito fácil de se fazer no Sporting e quase impossível no F. C. Porto, pela imposição do fair-play financeiro da UEFA. O Benfica confia que tal como o Renato Sanches, o Gonçalo Guedes, o Ederson, o Nelson Semedo e o Lindelof souberam aproveitar as oportunidades, também algumas das novas apostas em jovens jogadores no clube terão sucesso já esta época.

Mesmo os mais desatentos ao fenómeno desportivo já se aperceberam que nas últimas 4 épocas, o futebol português está muito diferente do que era a 10 ou 20 anos atrás, o Benfica nos últimos anos tem dado sucessivas demonstrações que o clube já desenvloveu as imunidades necessárias para não entrar nesses períodos de crise criados pela imprensa, em que depois disso o clube entrava em auto-destruição dos objectivos da época. É reconhecido por todos que, atualmente o clube dominador desportivamente em Portugal é claramente o Benfica (conquistou 12 dos últimos 16 troféus nacionais atribuídos em Portugal). Mas para chegar a esta fase de domínio desportivo, o Benfica teve de ir ganhando ano após ano a competição económica entre as SADs nacionais até chegarmos ao momento atual em que é em Portugal, o clube melhor preparado para suportar o que custa atualmente um plantel capaz de ser campeão da 1ª Liga Portuguesa (aproximadamente 70 milhões €/ano são os custos com pessoal para se ser campeão em Portugal). O campeão Benfica em 2016/17, acabou suportando custos com o pessoal de 74,7 milhões €, incluindo já os prémios pagos pela conquista do titulo nacional e taça de Portugal, ainda não foram divulgadas as contas do F. C. Porto 2016/17 (2º classificado), mas é sabido que pelas contas publicadas do 1º semestre, em que ia com 38,9 milhões € de gastos com o pessoal, tudo aponta para que o F. C. Porto tenha sido o clube com maires encargos com o pessoal na nossa liga em 2016/17 e o Sporting (3º classificado) suportou custos com o pessoal de 64 milhões €. Ou seja, só um plantel que custe pelo menos aproximadamente 70 milhões de € terá reais condições para lutar pelo campeonato nacional nesta época 2017/18, uma vez que pelo menos existem 2 plantéis que custam mais de 70 milhões de € na Liga Portuguesa, uma vez que não é expectável que o Benfica e o F. C. Porto consigam uma redução relevante de custos com o pessoal em relação a época passada ao incorporarem este ano:
  • Seferovic, Gabriel Barbosa, Douglas, Krovinovic, Martin Chrien, Varela e Mile Svilar nos lugares deixados vagos na folha salarial pelo Ederson, Nelson Semedo, Lindelof, Mitroglou, Carrillo, André Horta e Luka Jovic.
  • Vaná, Fabiano, Ricardo Pereira, Diego Reyes, Hernâni, Marega e Aboubakar nos lugares deixados vagos na folha salarial pelo Bolly, Rúben Neves, João Carlos Teixeira, Silvestre Varela, Diogo Jota, Depoitre e Andé Silva.
  • Já o Sporting seguramente continuará a sua trajetória de crescimento dos custos com o pessoal, custos esses que convêm lembrar que no 1º e 2º ano da presidência do Bruno de Carvalho eram de apenas 25 milhões € e 25,1 milhões € respetivamente, tendo depois aumentado para 48,9 milhões € e 64 milhões € nestas duas épocas mais recentes em que o clube apostou no Jorge Jesus (treinador que já tinha no currículo 3 titulos de campeão nacional). Os últimos 3 anos, foram pois 3 anos de fortes investimentos no Sporting, o clube está no ponto em que estava o F. C. Porto em 2012/13, ou seja com reais condições para lutar por este campeonato mas colocando em risco a sua sustentabilidade nas próximas épocas. Até ao momento, este elevado investimento ainda não produziu resultados desportivos relevantes. Vamos aguardar para verificar quais serão os resultados no final desta época, temporada em que o Sporting foi destacadamente o clube nacional que mais investiu em reforços, tendo sido responsável por 4 das 5 maiores aquisições deste defeso em Portugal. Os 5 maiores investimentos em jogadores nesta época 2017/18 foram o Acuña (10 M€), Bruno Fernandes (9 M€), Battaglia (4 M€), Piccini (3 M€) e Krovinovic (3 M€).
Será possível ao Benfica juntando o Julio César, Grimaldo, Samaris, Pizzi, Krovinovic, Zivcovic, Cervi, Rafa Silva, Jonas, Raúl Jimenez, Seferovic, Gabriel Barbosa, Eliseu, Douglas, Rúben Dias e Varela, aos tetra-campeões Luisão, Jardel, André Almeida, Fejsa, Salvio, de modo a que de entre estes 21 jogadores poder apresentar semana após semana na ficha de jogo 18 jogadores bastante competentes para a realidade do campeonato português? Seguramente que o Rui Vitoria em condições normais poderá em cada partida utilizar sempre 14 jogadores bastante qualificados.




1 comentário:

Atento disse...

Um apontamento. Nos custos de pessoal dos clubes estão incluídos não só o futebol profissional como também os custos de pessoal das modalidades e das TV´s. Por isso não podemos falar em apenas custos dos jogadores de futebol.
A BTV é a mais cara das três.

Nas modalidades, o Sporting é quem gasta mais, ainda mais este ano quando aumentaram o número de modalidades. É tal o desespero que estão a chegar a um ponto de ruptura no que aos custos operacionais diz respeito!
Os proveitos operacionais só poderão crescer se fizerem uma boa campanha na Champions, o que eu não acredito.
Compraram alguns flops (não tantos como o ano passado), mas têm alguns isso deixa-os com um plantel limitado. A factura segue a seguir.

O Porto também está limitado no plantel, tem custos ainda mais elevados que os têm levado a resultados operacionais negativos gigantescos.

Com o adiantar da época, tanto um como outro irão sentir a influência que a questão financeira, a falta de liquidez, tem nos plantéis.
Todo o ruído construido com insultos e mentiras tem por base todo o desespero e a tomada de consciência da realidade que é a falta de dinheiro que os está gradualmente a limitar.