quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Os reforços e o rendimento desportivo

O Benfica vem apostando muito na sua formação nos últimos anos, é uma forma de se reforçar com jogadores de grande qualidade a preços mais acessíveis. Estabeleceu, o critério de preparar os jogadores mais talentos da sua formação na sua equipa B (dando-lhes entre 60 a 80 jogos na equipa B), antes de os poder lançar com sucesso na sua equipa principal e tem resultado muito bem.

Depois de se descobrir a galinha de ovos de ouro, para que possa competir com os clubes ricos Europeus, o pior que se pode fazer é cair na tentação de tentar obter os ovos ainda mais cedo. Não matem a galinha com a pressa de poder retirar mais cedo o ovo, o que não se deve fazer é, não proporcionar sequer aos jogadores minutos na equipa B antes de poderem reforçar a equipa principal do Benfica (Nuno Tavares, Tomás Tavares ou João Ferreira necessitam de poder crescer com tranquilidade na equipa B, como os outros que os antecederam). O processo de sucesso requer jogar pela equipa B cerca de 60 jogos, para se aquilatar das reais capacidades do atleta para subir a elite. Bernardo Silva jogou 38 jogos na equipa B, João Cancelo teve 51 jogos na equipa B, Hélder Costa teve 75 jogos pela equipa B e todos estes jogadores, mesmo não tendo jogados muitas vezes pela equipa principal permitiram ao Benfica encaixar muito dinheiro.
Foi seguindo este processo de formação de excelência, que permitiu com que o:
  • Victor Lindelof, que fez 84 jogos pela equipa B e que só aos 21 anos, começou a época 2015/16 na equipa principal, tendo participado nessa temporada em 23 jogos e na época seguinte aos 22 anos, ganhou a titularidade na equipa, realizando 47 jogos. No final dessa sua 2ª temporada na equipa principal, foi transferido para o Manchester United por 35 M€. 
  • Nelson Semedo, que fez 66 jogos pela equipa B e só aos 21 anos foi aposta na equipa principal, nessa época 2015/16 participou em 18 jogos e na época seguinte aos 22 anos, ganhou a titularidade na equipa tendo realizado 47 jogos. No final dessa sua 2ª temporada na equipa principal, o seu passe foi vendido ao Barcelona por 35 M€+5 M€ por cada 50 jogos realizados. Atenção que, até a data de hoje o clube ainda não conseguiu contratar um novo defesa direito capaz de se fixar no lugar que deixou vago (nem Pedro Pereira, nem Douglas, nem Corchia, nem Ebuhei), na altura da sua saída, o clube resolveu inicialmente apostar noutro jovem da sua formação (Pedro Pereira), que dada a tenra idade (apenas 19 anos) não conseguiu aproveitar essa oportunidade, acabou sendo dispensado logo no final dessa pré-época. Essa traumática experiência fez com que passados 3 épocas, este activo ainda continue completamente desvalorizado, todos esses anos o jogador tem sido emprestado sem sequer ter uma nova oportunidade de fazer a pré-época no Benfica. Este é o risco de apostar demasiado cedo nos jogadores da formação, a falta de jogos na equipa B, pode fazer com que se percam de vez um activo em que clube reconhecia muito potencial, por não ter respeitado as etapas.
  • Gonçalo Guedes, que fez 41 jogos pela equipa B e aos 19 anos (2015/16) começou a época na equipa principal, tendo participado nessa temporada em 31 jogos e na época seguinte fez mais 28 jogos antes de ser vendido em Janeiro de 2017 ao PSG por 40 M€. Existiu outro jovem avançado, no qual o clube também resolveu apostar ainda numa idade mais tenra do que o Gonçalo Guedes, logicamente esse jovem acabou por não se singrar. Aos 17 anos, Zé Gomes fez os seus únicos 5 jogos pela equipa principal do Benfica, mas passadas 3 temporadas ainda não foi possível reabilitar um jovem que potencialmente tinha tudo para vir a ser um grande goleador. Zé Gomes, hoje com 20 anos, acabou agora sendo emprestado ao Portimonense. 
  • Renato Sanches tem 39 jogos pela equipa B e aos 18 anos foi aposta na equipa principal na época 2015/16 em que foi utilizado em 35 jogos. No final dessa época foi transferido para o Bayern Munique por 35 M€, valor que poderiam ser acrescidos mais 45 M€ por objectivos.
  • Rúben Dias, que fez 58 jogos pela equipa B, só aos 21, começou a época 2017/18 na equipa principal, tendo participado nessa temporada em 30 jogos e na época seguinte aos 22 anos tornou-se titular indiscutível, tendo realizado 55 jogos e já tem grandes clubes interessados nele, sendo que o Benfica lhe pretende renovar o contrato e aumentar a clausula de 66 para 88 M€.
  • João Felix, que fez 31 jogos pela equipa B, tendo logo aos 18 anos começado a época 2018/19 na equipa principal, participando nessa temporada em 43 jogos. Com a chegada de Bruno Lage em Janeiro de 2019 alcançou a titularidade e terminou a época com 20 golos marcados. Após essa sua 1ª época na equipa principal, o Atlético de Madrid o contratou, exercendo a sua clausula de rescisão de 120 M€. A bem da estabilidade no plantel, deviam haver um compromisso desportivo com os jovens oriundos da formação para permanecerem pelo menos 3 épocas na equipa principal, só assim conseguiriam ter uma justa oportunidade de ver os seus nomes nos troféus expostos no museu Cosme Damião, quando terminarem as suas carreiras desportivas. Os jogadores com 23 ou 24 anos ainda terão muitos anos para conseguirem satisfazer os seus interesses económicos, por isso podem perfeitamente recompensar o clube que os formou durante 3 épocas (num clube que pode pagar 2 M€ por ano, não é tolerável um formando dizer que não lhe dão condições para permanecer 3 épocas).
  • Ferro, que fez 94 jogos pela equipa B, só aos 21 anos em Janeiro de 2019 foi promovido a equipa principal, sendo utilizado em 18 jogos nessa época 2018/19 e na época seguinte aos 22 anos inicia pela primeira vez uma época na equipa principal. É neste momento titular e após renovação já está protegido por uma clausula de 120 M€.
  • Florentino, que fez 72 jogos pela equipa B, aos 19 anos em Janeiro de 2019 foi promovido a equipa principal, sendo utilizado em 14 jogos nessa temporada 2018/19 e na época seguinte (2019/2020) inicia pela primeira vez uma época na equipa principal. É neste momento titular e após renovação já está protegido por uma clausula de 120 M€.
  • Jota, que fez 48 jogos pela equipa B, aos 19 anos em Janeiro de 2019 foi promovido a equipa principal, tendo sido utilizado em 6 jogos nessa temporada 2018/19 e na época seguinte (2019/2020), inicia pela primeira vez uma temporada na equipa principal. O clube ainda não conseguiu a desejada renovação e o aumento da clausula de rescisão de 30 M€ para 120 M€, o actual valor limite considerado adequado para reter os talentos que produz no Seixal Caixa. Apesar de parecer um valor elevado e que dá uma certa segurança ao Benfica, não é de todo proibitivo para os clubes mais ricos como mostrou o processo do João Félix.
Os treinadores tem vindo a aproveitar a formação de qualidade no clube, mas só a formação não basta para se ser um clube glorioso, em algumas posições é necessário contratar reforços, jogadores que já provaram a sua valia noutro clube, como foram os casos de Di Maria, Ramires, David Luiz, Cardozo, Axel Witsel, Garay, Enzo Perez, Aimar, Saviola, Matic, Salvio, Jonas, Rafa Silva, Gabriel, etc.

Por vezes, os treinadores competentes, não recebem os reforços que pedem para elevar o nível da sua equipa, simplesmente porque ganham, pois as fragilidades do plantel ficam escondidas. Isto só acontece quando, os dirigentes não apostam verdadeiramente no seu treinador.
A impressão que dá é que, o sucesso que Bruno Lage vem revelando, está a ser contraproducente para que ele possa receber os reforços que pediu. Por este andar até ao fecho do mercado, não vai receber nem um novo guarda-redes, nem o defesa-direito, nem o novo nº10 que necessita. O plantel as ordens de Bruno Lage não é melhorado, porque ele vai ganhando.

Como a equipa de Bruno Lage vai apresentado resultados muito positivos, o treinador corre sérios riscos de não ter o plantel competitivo que pediu a direcção (nem Navas para guarda-redes, nem Djibril Sibidé/Mukiele para defesa-direito, nem Joaquín Correa/Luís Alberto/Dani Olmo/Luca Waldschmidt para nº10). O Bruno Lage merecia ter uma direcção atenta as suas decisões técnicas para o plantel e capaz de satisfazer 2 ou 3 dos reforços que o treinador solicitou. O argumento de que ele se safa bem mesmo sem reforços não devia ser o pensamento dominante, pois não é compreensível/aceitável, nem justo para Bruno Lage.

Alguém imagina como seria nas mãos do Bruno Lage, o seguinte plantel de 27 jogadores: 
  1. Navas, Vlachodimos e Zlobin; 
  2. Djibril Sibidé, André Almeida, 
  3. Ruben Dias, Conti, 
  4. Ferro, Jardel, 
  5. Grimaldo e Nuno Tavares; 
  6. Florentino, Samaris, Fejsa, 
  7. Pizzi, Chiquinho, Taarabt, 
  8. Gabriel, Gedson Fernandes, 
  9. Seferovic, Carlos Vinícius
  10. Raúl de Tomás, Luís Alberto, Jota, 
  11. Rafa Silva, Caio Lucas e Cervi
Ou seja, este seria o plantel final do Benfica 2019/20 com os 3 reforços solicitados. Não estamos a falar de megalómanos investimentos na equipa principal. Ou alguém é capaz de afirmar que esses 3 reforços são excessivos para uma equipa que vai disputar a Liga dos Campeões? Mesmo neste cenário com estes 3 reforços, seguramente o Resultado Liquido do Exercício no final da temporada seria positivo e superior a 10 M€, então porque não se reforça devidamente o plantel? 

Será que, querendo realmente reforçar o plantel as ordens de Bruno Lage, o Benfica não conseguiria contratar, um Navas dispensável/desconte no Real Madrid, ou o Djibril Sibidé, que foi agora emprestado por 2,5 M€ ao Everton, com opção de compra de 15 M€, ou contratar o Luís Alberto à Lazio, eles que que não vão a Champions e para a posição de nº10 tem no plantel, o Milinkovic-Savic avaliado em 65 M€ (esteve perto do Man United, mas não foi vendido), o Luís Alberto e o Joaquín Correa,  avaliados em aproximadamente 20 M€ cada um no Transfermarkt. E como é óbvio se a Lazio, não transaccionar um destes 3 na actual janela de mercado, pelo menos 1 deles acabará por perder muito do seu valor de mercado, pois no máximo só 2 deles terão tempo de utilização suficiente no onze em campo. Por isso, a Lazio teria todo o interesse em vender com lucro um deles, quer o Luís Alberto (adquirido por 4 M€ ao Liverpool), quer o Joaquín Correa (adquirido por 10 M€ ao Sevilha), seriam um grande "upgrade" para a posição de nº10 no plantel do Benfica. Além destes 2 jogadores da Lazio, o Luca Waldschmidt e o Dani Olmo também são jovens jogadores que já demonstraram valor para serem o novo nº10 do Benfica, tudo indica que seus actuais clubes estão disponíveis para aceitar os transferir neste defeso. Apesar de haver opções viáveis neste mercado, o problema é que, a direcção do Benfica, depois de um 5-0 ao Sporting e ao P. Ferreira, parece que já não está disponível para satisfazer os desejos do treinador em reforçar o plantel, nas 3 posições que este identificou. Se esses reforços fossem pedidos quando o clube estava a 7 pontos da liderança, se calhar o Bruno Lage já os teria a sua disposição, agora como ele conseguiu resolver os problemas com a sua competência, aparentemente já não vai ter os reforços que pediu. Esta posição dos dirigentes só demonstra que a maioria dos dirigentes desportivos, apenas conseguem compreender a necessidade de reforçar o plantel em alturas de crises desportivas, só os treinadores incompetentes obtém os reforços solicitados. O plantel do Benfica não foi melhorado de acordo com as opiniões técnicas do Bruno Lage até agora, simplesmente porque a equipa vai tendo sucesso desportivo mesmo sem os reforços, de outra forma já teriam sido contratado pelo menos 2 desses 3 reforços que o treinador pediu.

Bruno Lage já promoveu os jogadores da equipa B que ele considerava aptos para a equipa principal, não encontrando mais soluções na equipa B, em último recurso escolheu na equipa de júnior uma solução para defesa esquerdo, mas na pré-época não escolheu mais nenhum outro jovem para experimentar nas 3 posições  que ele tem aberto no plantel. Terminada a pré-época e após 2 jogos oficiais já realizados, chegamos a um ponto em que mesmo que Bruno Lage continue sem encontrar nos quadros da equipa A ou B qualquer jogador com a qualidade exigida para as referidas posições, a direcção o obrigará a apressar a subida dos jogadores juniores (daqueles que o clube crê terem qualidades para um dia chegar a equipa principal, o problema é que o treinador para ter mais garantias pretendia que o jogador o demonstrasse primeiro em aproximadamente 60 jogos na equipa B, na realidade só nestas condições podemos dizer que se deu uma oportunidade justa a um jovem da formação para singrar na equipa principal).


Meus amigos, quando Bruno Lage pegou na equipa em Janeiro de 2019 e sem efectuar nenhuma nova contratação obteve sucesso desportivo, apenas promovendo 4 jovens da equipa B, jogadores que ele orientava e nos quais acreditava que reuniam condições para singrar na equipa principal do Benfica. O tempo veio comprovar a excelência dessa avaliação técnica do Bruno Lage, revelou que ele é extremamente competente a avaliar as capacidades/qualidades futebolísticas. Soube escolher muito bem. Ferro, Florentino e Jota já comprovar ter condições necessárias para serem apostas efectivas e obterem sucesso no Benfica 2019/20, Zlobin para cumprir o papel do 3º guarda-redes do plantel também é uma decisão desportiva muito avalizada, agora não obriguem o treinador a lhe colocar como o concorrente directo do Vlachodimos, ou o André Almeida e o Grimaldo a ter que competir apenas com ex-juniores por um lugar no 11 na equipa principal do Benfica.


No final da pré-época e após a substituição de Jonas retirado da competição pelo Raúl de Tomás, tendo o treinador identificado que o ex-junior Nuno Tavares poderia substituir o defesa esquerdo (Yuri Ribeiro no plantel), ficariam por preencher apenas outras 3 posições no plantel, ou seja, substituir o guarda-redes (Svilar), o defesa-direito (Chorcia/Ebuehi) e o segundo avançado (João Félix que saiu do plantel contra a vontade do Bruno Lage por 120 M€ e mesmo arrecadando este alto montante, o treinador ainda não obteve os 3 reforços solicitados). Em condições normais estes reforços já teriam sido contratados, estando nós a falar de uma direcção de um clube em que as ambições desportivas devem ser prioritárias (o principal objectivo é conquistar títulos, não é formar ou vender jogadores para gerar dividendos aos accionistas). Veja-se o caso do Atlético Madrid, assim que o Barcelona lhes retirou o Griezman por 120 M€, aplicaram logo esse montante no João Félix e seguramente ninguém poderá dizer que vão ficar pior servidos (vamos ver nos próximos 5 épocas qual dos dois marcará mais golos e fará mais assistências, a comparação é fácil na mesma Liga). O Benfica também conseguiria dar primazia a vertente desportiva, como o Atlético Madrid vem fazendo nas últimas épocas. Quem vê o Atlético de Madrid desta década, reconhece indiscutivelmente uma grande diferença na valia desportiva e no prestigio do clube no futebol Europeu, quando comparada com o que tinha nas década anteriores.

Também, o Benfica para crescer em termos competitivos tem de se reforçar com grandes jogadores.
Porque razão, a opinião técnica do treinador Bruno Lage não prevaleceu?
Porque não se reforça as posições que ele pediu se o Benfica também quer sempre o Top10 Europeu?
É injusto dizer que só porque ganha, então ele não merece ter um plantel com melhores jogadores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Escrita muito repetitiva, mas com alguma razão.

Contudo, que diferença realmente fariam esses jogadores. Dos 3 só o Navas seria titular, mas barrando o crescimento do Odysseias.

O Luis Alberto? poupa-me lá...o Dani Olmo ainda vai.

Uma direção tem de fazer a gestão do plantel e de salários. temos de valorizar os jogadores que temos, não podemos estar sempre a contratar novos jogadores e a desvalorizar os que temos. Repara só como o Salvio, o Cervi e o Zivkovic desvalorizaram e vieram como craques. Nunca se sabe quando um jogador se adapta ou faz a diferença. A atual política é a correta.

Apostar nos jogadores da formação e valorizar os jogadores que temos. Vamos buscar quando vendermos bem o que temos.

Hugo disse...

Sujeitamos nos a mais um fiasco na liga dos campeoes, o plantel titular da época passada para este ano não melhorou, a única troca foi o Felix pelo Raul de Tomás, esta direção dorme muito à sombra do sucesso, a liga dos campeões não é a international champions cup, sem um 10, um jogador que venha assumir jogo vamos sentir grandes dificuldades na liga dos campeões, qualquer equipa nos vai anular facilmente o meio campo,então jogando com florentino e Samaris e ser o Raul de tomas a ter que assumir esse papel não vamos lá, para o campeonato serve, mas se queremos algo mais temos que ir ao mercado.